ETA de Lever
Considerada uma estrutura de referência na Europa, a ETA de Lever é responsável pelo tratamento de água a milhão e meio de habitantes, cerca de 85% da população servida por todo o sistema da AdDP. Constitui por isso a mais emblemática estrutura da empresa e possui avançados meios tecnológicos no processo de tratamento, tornando-a capaz de produzir cerca de 400 mil m³ de água por dia, encontrando-se perfeitamente integrada na paisagem circundante.
Processo de Tratamento
No Complexo de Lever, que integra a ETA de Lever, existem duas origens de água no rio Douro: a origem superficial que fornece a ETA de Lever, e a origem subaluvionar. A origem subaluvionar, criada nos anos 80 pelos antigos serviços municipalizados de Gaia e do Porto, é constituída por 3 poços de captação em profundidade.
Embora a ETA de Lever tenha capacidade para abastecer as necessidades de consumo de toda a população abastecida pela AdDP, a água proveniente destes 3 poços é de excelente qualidade e, uma vez que requerem menos reagentes, o seu impacto ambiental e económico é menor, pelo que a opção de exploração recai na utilização preferencial desta origem. Estes poços, que foram as infraestruturas de produção de água até ao ano 2000 – ano de entrada em funcionamento da ETA de Lever – já não são suficientes para dar resposta ao consumo de água da empresa, dado o alargamento do sistema a outros municípios desde a criação da AdDP. Estas duas origens, superficial e subaluvionar, constituem o principal sistema de produção de água da AdDP e conferem ao Complexo enorme flexibilidade de operação, redundância e resiliência.
A ETA de Lever foi projetada para tratar a água do rio Douro captada superficialmente na albufeira de Crestuma-Lever. Esta é a última albufeira do rio Douro onde o nível da água tem variações de apenas 1 metro e tem associada uma barragem a fio de água.
A água captada passa pelas diferentes etapas de tratamento até se obter uma água potável, segura e de excelente qualidade, que é enviada para a rede de distribuição. Após a captação a água é filtrada com recurso a filtros fechados pressurizados, com o intuito de remoção de sólidos em suspensão, como algas e pequenos sedimentos existentes na água.
De seguida, é feita uma correção ao pH para otimizar as duas etapas subsequentes, a coagulação/floculação e a desinfeção.
Após a correção do pH, a água passa pela etapa de pré-oxidação com ozono, eliminando assim a maioria dos microrganismos presentes. Existe a possibilidade de, após esta etapa, ser doseado carvão ativado em pó para remoção de eventuais pesticidas e corrigir as propriedades organoléticas da água.
Para remoção de partículas em suspensão de dimensões reduzidas, que são de difícil remoção, é adicionado um reagente coagulante para promover a agregação dessas partículas e criar flocos de maior dimensão mas de baixa densidade. Esta água floculada prossegue para as unidades CoCoDAFF (Counter Current Dissolved Air Flotation and Filtration) onde, através da Flotação e da Filtração, os flocos serão removidos produzindo assim uma água filtrada.
Antes de ser elevada para a rede de distribuição, a água passa por um processo de desinfeção final de modo a garantir a potabilidade da mesma ao longo da rede, até chegar ao consumidor final.
Ao longo de todas as etapas de tratamento existem analisadores em contínuo, que controlam diversos parâmetros da qualidade da água e que, juntamente com os resultados das análises às amostras recolhidas localmente, e analisadas no Laboratório da AdDP, permitem monitorizar e controlar o processo de tratamento de água.
No tratamento da água são produzidos resíduos, designados por Lamas de Clarificação de Água, que são constituídos pelo material existente em suspensão na água, pelos produtos resultantes da adição dos reagentes e por água. As lamas produzidas na ETA de Lever constituem o resíduo produzido em maior quantidade pela empresa mas que, desde há vários anos, são encaminhadas para valorização o que constitui um caso de referência de economia circular (ver projeto Das lamas nascem telhas).
A ETA de Lever tem uma capacidade instalada de produção de água de 400.000 m3/dia e as Captações subaluvionares podem contribuir com cerca de metade desse valor. A produção média diária anual em Lever é de aproximadamente 260.000 m3/dia. O Complexo de Lever é responsável pelo abastecimento a mais de 85% da população abastecida pela AdDP e por cerca de 58% da energia consumida em toda a empresa. Em média todos os anos são produzidas cerca de 1.500 toneladas de lamas desidratadas na ETA de Lever.
Como maior consumidor de energia da empresa, o Complexo de Lever possui duas Subestações de energia que funcionam em Alta Tensão. Ao longo das diferentes etapas e edifícios existentes, a energia é transformada em Postos de Transformação para os diferentes níveis de tensão adequados ao funcionamento dos equipamentos. O controlo dos consumos energéticos e da eficiência dos equipamentos é alvo de atenção especial devido ao impacto que a energia tem na atividade da empresa.
Em todo o sistema instalado, existem milhares de equipamentos cujo funcionamento e informação que gerem tem de ser processada e analisada. Para isso, existe um sofisticado sistema de supervisão para monitorização e controlo, que foi desenvolvido com recursos internos, e que está em permanente evolução e atualização. A rede de comunicação entre as instalações da empresa tem uma rede própria, em grande extensão em fibra ótica, o que garante fiabilidade e rapidez no acesso à informação e um controlo e monitorização instantâneo e contínuo.
Como empresa de referência no sector e na região, o Complexo de Lever é muito procurado para visitas técnicas e de escolas. Além das referências técnicas, a ETA de Lever é muitas vezes mencionada como uma infraestrutura moderna e perfeitamente integrada no local. Para construir as infraestruturas junto à Albufeira de Crestuma-Lever, foi necessário construir uma plataforma de 40.000 m², envolvendo um aterro de 530.000 m³ sobre o rio Douro. Pela sua localização na margem esquerda do rio Douro, houve um cuidado minucioso no enquadramento paisagístico e nos materiais escolhidos para a construção. O projeto de arquitetura é da autoria do Arquiteto Alcino Soutinho.
Com o conjunto de infraestruturas que compõem o Complexo de Lever, a AdDP garante o abastecimento de água nas quantidades necessárias, através de processos de produção eficientes e respeitadores dos valores sociais e ambientais mais elevados e a um preço socialmente justo. Desta forma, a empresa contribui decisivamente para a qualidade de vida e bem-estar das populações, para o desenvolvimento socioeconómico e turístico da região e para a valorização do território da região.
Testemunho

João Ferreira
Coordenador de Exploração – Produção
“Estou na AdDP desde 1999. Desde então, o Complexo de Lever tem evoluído significativamente e, para mim, é um privilégio acompanhar e participar dessa evolução. Conheço a ETA de Lever “por dentro” pois acompanhei a sua construção e, a pesquisa e a curiosidade trouxeram-me o conhecimento que detenho hoje sobre todo o Complexo. Destes anos, destaco projetos especialmente desafiadores: a construção da etapa de Pré-tratamento em 2004, a segunda fase, com a ligação dos poços à ETA, em 2007, a otimização do uso da energia elétrica com a alteração dos consumidos intensivos das horas de ponta, a interligação dos sistemas de Lever e Vale do Sousa, a implementação da correção do pH com adição de CO2, a otimização da injeção de ozono e a reativação do poço de Jusante.
Pessoalmente, o que me motiva são estes desafios, que me testam e me levam a aprender coisas novas, e a estudar continuamente. Sinto-me realizado quando não desisto, aprofundo os temas e contribuo para a resolução dos problemas. Claro que tudo isto não seria possível, se não integrasse uma equipa de excelência que comigo partilham o mesmo espírito e tenacidade. Não tenho qualquer dúvida: a AdDP destaca-se, acima de tudo, pelas pessoas que aqui trabalham.”