O Grupo AdP – Águas de Portugal, ao qual a AdDP pertence, apresentou ontem, Dia Mundial da Água, a sua estratégia de Inovação 360º numa sessão virtual que contou com a participação do Ministro do Ambiente e da Ação Climática.
Na sessão foram destacados três projetos de inovação protocolados com o Fundo Ambiental, relativos à produção de água para reutilização em atividades agrícolas e avaliação de riscos de incêndios florestais com impacto nas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento.
Nos próximos três anos, o Grupo AdP vai alocar mais de um milhão de euros a um fundo agora criado especificamente para financiar novos projetos e acelerar a inovação estratégica.
A inovação é um dos desafios centrais do Quadro Estratégico de Compromisso do Grupo AdP, documento que enquadra a visão do grupo para 2030 e que foi divulgado em novembro de 2020 e no qual se posiciona como um dos mais eficientes e sustentáveis operadores internacionais na gestão da água, focado na excelência do serviço ao cliente, na inovação, na resiliência, na neutralidade carbónica e na economia circular.
A urgência de aumentar a resiliência dos sistemas infraestruturais, a necessidade de adaptação às alterações climáticas e de descarbonização do ciclo urbano da água, o uso eficiente e a valorização dos recursos numa ótica de economia circular, a maximização do ciclo de vida das infraestruturas, a importância de inovar no relacionamento com os clientes e com a sociedade em geral, a par das potencialidades da transformação digital em curso, são alguns dos desafios do setor da água e do Grupo AdP.
"Ao longo de mais de duas décadas a inovação foi uma constante na atividade das empresas do Grupo AdP que, quer no âmbito interno quer por via da participação em redes de inovação aberta, souberam posicionar-se para prestar um serviço de excelência, garantindo os padrões requeridos de sustentabilidade social, económica e financeira." referiu José Furtado, presidente do Conselho de Administração da Águas de Portugal. "Mas justifica-se fazer mais, mais depressa, de forma mais focada e mais integrada, num contexto de racionalidade económica, tirando partido das capacidades e competências existentes nas nossas empresas e nas regiões onde elas estão presentes."
É neste contexto que surge a Inovação 360º, onde se enquadra a criação de um novo instrumento empresarial do Grupo AdP, a AdP VALOR, que será um acelerador da evolução de paradigma tendo por missão impulsionar a inovação estratégica, gerir novos modelos de negócio nos domínios da economia circular e implementar projetos e serviços especializados contribuindo para o reforço da resiliência, eficiência e sustentabilidade das operações do Grupo.
A Estratégia de Inovação 360º, agora apresentada, destaca a inovação como vetor de agilização e aceleração do Compromisso do Grupo AdP para a década, definindo o caminho do Grupo AdP na evolução de paradigma necessária para responder aos novos desafios societais.
Esta estratégia vem reforçar a inovação já feita pelas empresas do Grupo AdP no âmbito da sua operação e os projetos que são desenvolvidos em consórcio com diversas entidades nacionais e internacionais, adicionando-lhe um componente proactiva, num modelo organizacional integrado e com um financiamento estruturado que, nos próximos três anos se estima atingir um milhão de euros.
Constatando que “o setor da água é percecionado em todo o mundo como um setor lento a inovar”, José Furtado salientou que “Num mundo em mudança acelerada, cada vez mais complexo e desafiante, é preciso acertar o passo da inovação e assumi-la estrategicamente, num quadro de racionalidade económica.”
Inovar nos modelos de negócio e em soluções tecnológicas, promover a agilidade na ação, catalisar uma organização em rede para promover sinergias, potenciar o valor das competências críticas disponíveis são alguns dos vetores da Estratégia de Inovação 360º do Grupo AdP, que vai apostar no desenvolvimento de pilotos escaláveis e adaptáveis aos mercados internacionais, tirando partido dos Living-Labs existentes no grupo e incentivando parcerias de valor acrescentado, com parceiros públicos e privados.
Na sessão de apresentação da Estratégia de Inovação 360º do Grupo AdP, o presidente da Águas de Portugal destacou o compromisso assumido: “Estamos convictos que a inovação é uma necessidade para cumprirmos a nossa missão, para reforçarmos uma cultura de serviço centrada no cliente e na sociedade em geral, para prestarmos serviços cada vez mais resilientes e para contermos as tarifas em níveis socialmente adequados.”
Nesta sessão foram apresentados vários projetos de inovação em curso no Grupo AdP, com destaque para três projetos protocolados com o Fundo Ambiental, dois deles relativos à produção de água para reutilização em atividades agrícolas e outro respeitante à avaliação de riscos de incêndios florestais com impacto nas infraestruturas de abastecimento de água e saneamento.
PROJETOS DESTACADOS NA SESSÃO
Água reutilizada em rega agrícola e vitivinicultura
A promoção da produção e utilização de água para reutilização (ApR) na atividade de regadio na região do Alentejo, é o grande objetivo do REUSE, um dos projetos destacados na sessão, que integra um sistema de produção de ApR através da desinfeção solar das águas residuais tratadas na ETAR de Beja, para posterior utilização, por um agricultor da região, na rega de um pomar de romãzeiras, tendo como objetivo estudar o impacte nas plantas, solo e água.
Entrando agora na segunda fase, o REUSE iniciou-se em 2019, em regime de experimentação, visando potenciar a utilização de ApR na agricultura numa região em que tipicamente se verifica uma baixa precipitação e elevada insolação e, simultaneamente, elevada intensidade de agricultura de regadio, acompanhada de uma evolução preocupante dos efeitos das alterações climáticas.
O REUSE tira partido do desenvolvimento de uma tecnologia de baixo custo com recurso a energia renovável, de barreiras naturais, da combinação da reduzida dimensão das ETAR locais, perfis de caudais, taxas de insolação e períodos de rega, no quadro da promoção do valor da água em diversas perspetivas (disponibilidade, micronutrientes), da nova abordagem Fit for purpose e da crescente sensibilização do setor agrícola para a eficiência hídrica e necessidade de diversificar as suas origens.
Trata-se de um projeto desenvolvido em parceria entre a AdP – Águas de Portugal e a AgdA – Águas Públicas do Alentejo, a EDIA – Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, o ISA – Instituto Superior de Agronomia, a EFACEC e o Centro Operativo e de Tecnologia de Regadio (COTR).
Ainda no âmbito da economia circular e da promoção de projetos sustentáveis de eficiência hídrica com recurso a tecnologias ambientalmente sustentáveis e de baixo custo, destaca-se o AQUA-VINI que visa promover a utilização de ApR pelo setor vitivinícola.
Este projeto integra-se no espírito do plano de eficiência hídrica do Alentejo, criando os mecanismos e processos de comunicação para incentivar a utilização da água residual tratada para rega na vitivinicultura tendo como parceiro estratégico a Comissão Vitivinícola Regional do Alentejo – Programa de Sustentabilidade.
Riscos dos incêndios com impacto no abastecimento de água e saneamento
Promover a consciencialização sobre os riscos reais dos incêndios florestais em cada local a cada momento, e dotar os diferentes intervenientes de informação e ferramentas para apoio à tomada de decisão e atuação de forma preventiva e cirúrgica sobre as situações que acarretam maior risco é o grande objetivo do projeto “SMART FIRE PREVENTION - Avaliação de risco de incêndio com recurso a inspeção via satélite e implementação de procedimentos de desmatação”.
Trata-se de um projeto de inovação promovido pela AdP VALOR, com o apoio do Fundo Ambiental, através do qual se desenvolverão as seguintes ações:
- Identificação das áreas de desmatação prioritárias e previsão e calendarização de áreas e investimento respeitante à desmatação;
- Identificação das infraestruturas críticas, em razão do risco e da garantia da distribuição de água, em caso de incêndio;
- Criação de alarmes a reportar às estruturas da proteção civil e de decisão das empresas;
- Comunicação, em tempo real, às entidades externas ou internas para implementação contígua de atividades de desmatação das áreas em risco ou outras relevantes.